No verão, gostamos de fazer trails nas arribas e falésias, junto ao mar, razão pela qual aproveitamos umas mini-férias nessa zona para incluir mais uma experiência. Desta feita a escolha recaiu na 13.ª etapa da Rota Vicentina que vai da Praia da Luz até Lagos. Iniciámos a manhã cedo, na Praia da Luz (é o percurso que proporciona melhores vistas pela exposição das falésias à luz do sol). Decidimos fazer o percurso em modo ida e volta, pelo que o ponto de partida acabou por ser escolhido em função do que queríamos fazer à chegada: repor energias com um belo Brunch à beira-mar, seguido de praia (sem ter de andar de carro).

^{Figura 1 - A 13.ª e última etapa do Trilho dos Pescadores da Rota Vicentina é um percurso linear,
que tem o seu início na Praia da Luz e termina em Lagos. Percorrendo-o nos dois sentidos,
a panorâmica que se tem é espantosamente diferente.}

Às 6h00, ainda antes do nascer do sol, já nos precipitávamos pelo empedrado da calçada que do lado esquerdo da Praia (de frente para o mar) nos leva subida acima até à total despedida do casario que fica para trás, quando à nossa frente já se expõe uma colina bem inclinada com o marco geodésico a não deixar dúvidas de que é até lá que temos de “trepar”.

As marcas do percurso (riscas verdes e azuis características da Rota Vicentina) indicam-nos o caminho que continua em trilho bem definido já no topo da arriba, oferecendo uma vista ampla sobre a Praia da Luz.

Sucedem-se falésias lindíssimas e aqui e ali um rochedo que irrompe do mar, mais uma pequena praia até chegar à primeira localidade depois da Luz, Porto de Mós, com o seu vasto areal para onde temos de descer e aí tomar uma decisão: seguir as marcações do percurso oficial ou tentar manter o percurso pelas arribas.

^{Figura 2 - Uma manhã diferente: ver o sol nascer na rudeza de uma paisagem
costeira que nos envolve, num contacto permanente com a brisa do mar.}

^{Figura 3 - O Trilho dos Pescadores é um single track ao longo das falésias seguindo junto ao mar e
percorrendo alguns dos caminhos utilizados desde tempos imemoriais para acesso às praias e pesqueiros.
Com areia em muitos trechos, é no entanto pouco exigente do ponto de vista físico.} 

Optamos pela segunda possibilidade (apoiando-nos, por segurança, num percurso da Wikiloc). Atravessando a praia, procura-se o início do trilho que sobe pela arriba e não é com dificuldade que se encontra. O percurso encontra-se bem marcado por pé posto e passa numa estreita faixa entre o abismo que nos separa do oceano lá em baixo e algumas vivendas e seus jardins. A certa altura, parece ser impossível continuar. Com cautela, exploramos aquilo que parecia ser o final do trilho, com o precipício pela frente, e descobrimos umas escadas cravadas na parede rochosa da arriba e, com mil cautelas, por aí descemos. Tudo leva a crer que o percurso oficial já terá passado por ali mas, por receio de desmoronamentos algo frequentes ao longo desta costa, as autoridades responsáveis tê-lo-ão desviado para uma faixa mais afastada das arribas.

^{Figura 4 - Para do percurso não oficial; nalguns trechos todo o cuidado é pouco, sendo imperativo resistir
à tentação de nos aproximarmos excessivamente da beirada falésia para uma boa espreitadela do abismo.}

Já não tivemos de fazer mais opções destas até Lagos, tendo sido possível seguir quase sempre à borda das arribas e falésias por trilhos bem definidos, tendo o mar por companhia (merece realce negativo a passagem pela Praia do Camilo, onde é necessário correr pela estrada, ainda tentamos evitar, mas só perdemos tempo e energias).

^{Figura 5 - Uma das muitas praias escondidas e de difícil acesso, que se avistam durante o percurso.}

Chegados à Ponta da Piedade, por muitos considerada como uma maravilha geológica, não resistimos a parar e explorar melhor o local, belíssimo.  

^{Figura 6 - Ponta da Piedade: esculpida pela erosão marinha, desde tempos
remotos que este local teve uma função cultural e religiosa, tendo sido considerado como uma zona
sagrada devido à sua ligação ao oceano. O topo da falésia tem cerca de 40 m de altura.}

Já em Lagos, fizemos o troço marginal até à Marina e regressámos novamente à Rota Vicentina, fazendo o caminho inverso até à Praia da Luz e ao nosso merecido Brunch!

Foi um trail com vistas espetaculares, que fica na memória e nos oferece uma visão diferente e muito completa daquela zona algarvia, numa perspetiva invulgar, de cima. Estas são as praias, em lista ordenada, por onde passámos duas vezes: Praia da Luz, Praia de Porto de Mós, Praia do Canavial, Praia Barranco do Martinho, Ponta da Piedade, Praia da Balança, Praia da Boneca, Praia do Camilo, Praia Dona Ana, Praia do Pinhão, Praia dos Estudantes e Praia da Batata.

Uma manhã que nos deixou felizes e cheios de energia, foram as seis horas (terminamos ainda antes do meio-dia) que melhores memórias nos deixaram destas miniférias no Algarve. Os dias de trail são sempre imbatíveis!

DA PRAIA DA LUZ A LAGOS, IDA E VOLTA (ALGARVE)

Veja também:

- Subida ao pico Morézon (Sierra de Gredos)

- Trail Rocalva (Gerês)

- Drave, a Aldeia Mágica

- Ruta del Cares, Picos da Europa

- Rota da Levada, Serra da Lousã

- Trail "O Caminho onde o Morto Matou o Vivo"

- Maxirace Madeira