Foram cerca de 20 anos sem praticar qualquer tipo de desporto e a levar uma vida na qual o trabalho ocupava a maior parte do seu tempo. As consequências começaram-se a notar e motivada por crises de enxaquecas com aura (cuja causa ainda é desconhecida) que teimavam em não desaparecer, nem com medicação,  Sónia Túbal viu-se “obrigada” a mudar radicalmente a forma de estar na vida, uma vez que “cheguei a um ponto que já não conseguia ter uma vida normal, praticamente todos os meses era hospitalizada”, contou a atleta, que nessa fase mais crítica foi aconselhada por médicos a alterar os seus hábitos alimentares e a praticar atividade física.

“Uma vez que era o mais fácil de fazer”, Sónia desafiou uma amiga para ir correr. Após os primeiros 4 km ficou “com dores em músculos que nem conhecia durante uma semana!”. Mas as dificuldades iniciais não a fizeram desistir. Começou a treinar com alguns grupos de corrida, conheceu imensa gente e tudo isso foi meio caminho andado para se aventurar na competição.

“No primeiro ano fiz praticamente só corrida de estrada. Não posso dizer que adorava, mas sentia-me bem, essencialmente pelo convívio com outros atletas. Mais tarde tive contacto com o Trail Running, que nem sabia o que era. Realizei uma prova de 21 km em Ferreira do Zêzere e também detestei (risos). Mas se há coisa que aprendi rapidamente com os trail runners é que são todos mentirosos. No fim das provas dizem sempre que nunca mais vão fazer nenhuma, mas minutos depois já estão a pesquisar outro Trail para participarem”, confessou.

Hoje, com 46 anos, a Responsável de Higiene e Segurança no Trabalho faz provas de Trail Running de três dígitos sem qualquer tipo de crises de saúde. E foi com a ambição de estar presente numa das provas mais insanas do mundo, a Diagonale de Fous, na Ilha da Reunião, que a atleta se candidatou ao programa Heróis Betano, do qual faz parte desde 2022.

“Ser uma heroína Betano significa poder cumprir alguns sonhos e dar alguma projeção social ao Trail Running. Ter um parceiro como a Betano, que apoia os atletas amadores, é uma oportunidade única na vida”, vincou, mostrando-se orgulhosa do seu percurso.

Este ano, Sónia Túbal realizou a primeira prova na Oceania com sucesso, depois de percorrer 163.4km (com uma inclinação superior a D+5000m) na UltraMaratona neozelandesa em 26h40m, melhorando a prestação anterior. O seu objetivo é fazer 100 milhas em cada continente e já só falta uma prova para fechar esse desafio, que provavelmente irá ser realizada no Canadá.

Sónia é a prova viva de que nunca é tarde para (re)começar, ganhar saúde através da corrida e ser uma “Heroína Betano”.

Este artigo faz parte da edição n.º 16 da Pro Runners Magazine, que ainda pode adquirir aqui.