O Sexto Sentido é um projeto de inclusão social no desporto, que permite que pessoas cegas ou com baixa visão possam realizar corrida e caminhada guiada.

Bárbara (na fotografia em baixo a ser guiada pelo marido), de 42 anos, é a coordenadora em Portugal (pois o conceito surgiu no Brasil), perdeu a visão em 2017 e não queria ficar dependente da família e dos amigos para conseguir fazer a sua corrida habitual. Por isso, conta agora com uma rede de voluntários que se oferecem como guias e, em duplas, correm por um desporto mais inclusivo.

Atualmente, o grupo sediado no Porto, é composto por 62 elementos entre guias e atletas que, sem obrigatoriedade, vão combinando uns com os outros alguns treinos de corrida e/ou caminhada.
“Quero que o projeto tenha essa leveza. Não temos propriamente um dia de treino ou horário, ainda que eu agora tenha o objetivo de começar a haver pelo menos um dia em que treinamos todos juntos para as  pessoas se conhecerem melhor e quebrar um pouco o gelo entre todos”, referiu Bárbara.

A confiança entre os elementos do grupo é fundamental para ultrapassar as barreiras físicas, que ficam assim para trás e permitem a estes atletas a liberdade de sair de casa e praticar desporto. Para es tabelecer essa confiança, “quando um novo guia chega ao grupo é ensinado pelos mais experientes de como deve proceder e, por norma, também é feito um treino às cegas, onde o guia corre vendado para perceber as dificuldades que um cego tem nos percursos”, contou a coordenadora, que tem a ambição de levar a iniciativa a mais pontos do país, conseguindo já um grupo em Lisboa com cerca de 15 elementos.



O ano passado, Bárbara tentou a sua sorte, candidatou-se ao Programa da Betano.pt e apesar de não ter grande esperança de ser selecionada, a verdade é que o projeto que impulsionou já é um Herói.

“Sermos Heróis Betano representa muito. Queremos passar a certeza de que o desporto é mesmo para todos, que todos podem ter acesso a ele e a Betano permite-nos ter essa voz e deu-nos mais visibilidade, acreditando no nosso projeto. Esta parceria permitiu que mais pessoas chegassem até nós e estamos a ter uma boa procura tanto por parte de atletas invisuais como de voluntários”, referiu.

Mas se é verdade que o projeto é livre de pressão e competição, o que é certo é que o «bichinho» da corrida fica e torna-se inevitável participar em provas de estrada e até mesmo em trails, “ficando sempre a sensação de superação e dever cumprido quando se chega à meta”.

Convicta de que o ser humano tem a capacidade de se adaptar a qualquer situação, Bárbara confessa que “muitas vezes as pessoas acham que a cegueira é igual a tristeza, mas não é. As coisas acontecem, nós arranjamos soluções e a vida segue e se for para seguir a caminhar ou a correr ainda melhor.”

O Projeto Sexto Sentido vai continuar a promover o desporto para todos, porque “isto acaba por ser um movimento, onde a ideia é tirar as pessoas de casa para terem esta experiência, por isso juntem-se a nós e venham desfrutar da vida com atividade física.”

Quer fazer parte do projeto Sexto Sentido? Inscreva-se como atleta ou voluntário AQUI.

Artigo inserido na Pro Runners #17, que pode adquirir aqui, em papel ou em formato digital.