No mundo do trail dispensa apresentações e já são várias as provas dadas que é um dos melhores portugueses na modalidade. Sagrou-se campeão nacional de trail em 2021, este ano foi vice-campeão e inicia-se agora uma nova época onde promete continuar a “fazer fumo” por onde passe.

Aos os 40 anos é considerado um dos melhores trail runners nacionais, mas foi através do atletismo, onde ingressou com 14 por influência de dois primos, que a corrida começou a ganhar espaço na vida de Hélio Fumo. Inicialmente “era uma alternativa para não voltar da escola e ficar em casa sem fazer nada”, mas as coisas foram evoluindo e acabou por ingressar em vários clubes, incluindo o Sport Lisboa e Benfica, que representou nos 800 metros durante 7 anos.

“O atletismo acabou por me proporcionar imensas coisas, uma delas foi poder fazer o meu curso de Psicologia através da bolsa de estudos na altura oferecida pelo Benfica, mas mais tarde chegou a altura de tomar algumas decisões, como se continuaria apenas a correr ou ia trabalhar, porque só a corrida já não dava sustento... Acabei por ir trabalhar para uma loja de sapatilhas”, contou Hélio Fumo.

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O TRAIL CHEGOU E VEIO PARA FICAR

Já sem ver evolução no atletismo, mas com o intuito de continuar fisicamente ativo, o atleta natural de Maputo não parou de correr e aventurou-se nos urban trails (corrida pela cidade). Mais tarde, “foi parar” ao trail puro e duro através de um feliz acaso.

“Comecei a praticar trail há cerca de 6 anos e a primeira prova que fiz foi o Trilho dos Reis. O trail inicialmente começou por ser um desafio e comecei a reviver aquele gosto que tinha por simplesmente correr. Desconhecia completamente o trail, fui para a prova às escuras, como um corredor de estrada. Tive de lidar com muitas aprendizagens numa só corrida. 42 km na minha cabeça eram 2h30, mas no trail são cerca de 4 horas e temos de fazer a gestão... É uma espécie de lição de vida que esta modalidade acaba por fornecer. Não vou dizer que a vontade de querer novos bons resultados não fez reavivar a esperança, ma acima de tudo foi depois o modo de estar da própria modalidade, que adotei até hoje”, frisou.

Treino após treino, competição atrás de competição, Hélio Fumo ia então afirmando-se no trail running em Portugal e em 2021 sagra-se mesmo campeão nacional nos Trilhos do Pastor, na Batalha, após cortar a meta em 02:57:55. O feito quase se repetiu este ano, não fossem os 11 segundos que o separaram do primeiro lugar, sendo então o atual vice-campeão nacional de trail.

Em abril deste ano, Hélio Fumo – que representa as equipas da Compressport Internacional e da Runners do Demo – voltou a fazer história ao conquistar o título de vice-campeão no Blue Trail do Istria 100 by UTMB, na Croácia, com o melhor desempenho de sempre de um português em provas de 100 km do circuito mundial do Ultra Trail du Mont Blanc (UTMB World Series). O atleta luso completou a prova de 110 km e 4000 metros de desnível positivo em 9 horas, 58 minutos e 15 segundos, voltando a brilhar no evento onde em 2019 tinha vencido a competição de 41 km com o recorde do percurso e onde em 2022 foi vice-campeão na prova de 68 km.

Muitos já são os quilómetros nas pernas de Hélio Fumo, que vê a corrida como um combustível obrigatório na sua vida. Por vezes não é fácil, mas admite que chegou a um ponto em que desistir não é opção e nem sequer faz parte do seu vocabulário.

“Claro que se estiver em causa a nossa vida em termos físicos, isso torna-se uma prioridade, mas acho que o mindset não se enquadra, porque se tu estás há 25 anos a fazer uma coisa porque é que haverias de entrar no processo de desistir? Tudo faz parte, um ano corre bem, o outro já pode ser horrível e tu tens de estar disposto para isso. Uma vez que me meti nisto tenho de ter muita consciência, por isso é que se calhar hoje em dia não temos muitas pessoas a correr e a mudar um pouco o seu estilo de vida porque o retorno tanto financeiro como mental não é o mesmo do que há uns tempos atrás. Eu escolhi isto e desistir não é opção”, afirmou o atleta, enaltecendo de seguida a importância que a corrida tem para si.

“A corrida sempre foi a minha vida, portanto consigo mesmo confundir a necessidade de respirar com a de correr e os meus verdadeiros amigos sabem que há duas coisas que me irritam:  (...)

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Autores
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Márcia Dores