A atleta superou o recorde de Ana Cabecinha (12.17,93) que durava há 10 anos

Um recorde de Portugal, por Vitória Oliveira nos 3000 metros marcha, e dois recordes da competição, por Patrícia Silva e Nuno Pereira, nos 1500 metros, abrilhantaram a 39.ª edição dos Campeonatos de Portugal, que se está a realizar em Pombal, no Expocentro, uma organização da Federação Portuguesa de Atletismo, com apoio da Associação Distrital de Atletismo de Leiria e do Município de Pombal.

Momento alto chegou nos 3000 metros marcha, com Vitória Oliveira (Benfica) a triunfar, mas com um recorde de Portugal (12.13,39), que supera o anterior máximo de Ana Cabecinha (12.17,93), que durava há 10 anos!

“Realmente é um grande feito, praticamente sem companhia, mas foi muito bom. Olho para trás e percebo o que foram estes dez anos de muito trabalho. Participei pela primeira vez nestes campeonatos há 10 anos, vendo a Ana Cabecinha bater o recorde!”, disse a campeã nacional, acrescentando que “a Ana é uma das atletas que mais admiro, e bater o recorde dela é muito gratificante, apesar de eu na pista ter uma relação de amor/ódio”, referiu, admitindo que esta “é de amor”, esperando vir a poder mostrar o seu trabalho e a boa forma nos nacionais de marcha, na prova de 20 km marcha.

Ainda nas provas femininas, grande destaque para os 1500 metros. Com uma atleta de luxo, Mariana Machado, a marcar o ritmo, as melhores portuguesas da atualidade estiveram em grande plano, numa corrida como há muito não se via. Numa última volta emocionante, Patrícia Silva (Sporting) e Salomé Afonso (Benfica) lutaram ombro a ombro pelo triunfo, com ambas a baterem o recorde dos campeonatos, sorrindo o título à sportinguista, com a marca de 4m05s02”, apenas dois centésimos mais rápida que a benfiquista (4.05,04), com outra benfiquista, Marta Pen Freitas (4.10,11), na terceira posição.

“Tenho trabalhado muito”, afirmou Patrícia Silva, “não posso dizer que estava à espera, mas também não posso dizer o contrário. Tanto nos 800 como nos 1500 metros consegui uma marca, que considero de grande valia internacional, estando o meu trabalho a vir ao de cima”.

Também os 1500 metros masculinos produziram um resultado brilhante, com o recorde dos campeonatos a cair. Numa corrida com uma marcação de ritmo, os melhores portugueses correram sempre para a marca final e, nos últimos metros, o sportinguista Nuno Pereira conseguiu destacar-se vencendo em 3m37s68”, à frente dos benfiquistas Miguel Moreira (3.37,84) e José Carlos Pinto (3.38,37), ambos com recordes pessoais em pista curta. E também o sportinguista João edro Santos bateu o seu recorde pessoal com a marca de 3.39,47.

No final, Nuno Pereira estava “satisfeito com o resultado, um recorde pessoal de nível, numa corrida “taco a taco”, em que demos tudo e, no final, com o Miguel Moreira a ajudar a chegarmos ali com um final emocionante”. Já o benfiquista mostrava-se feliz “com um recorde pessoal substancialmente melhorado, mas estava à espera de algo assim, pois há muito tempo que não corria 1500 metros”, afirmou.

João Vieira voltou a Pombal determinado em não deixar fugir o seu 23.º título nos 5000 metros marcha, mas este foi um dos mais difíceis de sempre, já que o jovem Tiago Ramos, vice-campeão no ano passado, está cada vez mais rápido e deu-lhe grande luta, estando ambos lado a lado na fase final, com João Vieira a conseguir destacar-se na última volta para triunfar, enquanto Tiago Ramos, que já vinha destacado na segunda posição, foi obrigado a parar na zona de penalização.

“Não é fácil vencer, cada vez é mais difícil vencer”, referiu o sportinguista, “mas acordo todos os dias com vontade de mostrar aos meus fãs que ainda consigo fazer marcha. Ainda hoje a minha filha me perguntou se ia competir com 49 anos e eu disse que sim, e que ia tentar ganhar, ser campeão nacional, porque é essa a minha missão, porque tenho todo o prazer em competir nestas provas”.

Questionado sobre o segredo da longevidade, João Vieira afirma que “é acordar e ter sonhos, objetivos, e trabalhar para os concretizar. Para esta época o objetivo é participar nos Mundiais, podendo ser os meus 14.ºs Mundiais, passando a ser o atleta com maior número de presenças na competição, continuando a fazer história”.

Outra prova com excelentes resultados aconteceu nos 400 metros, em que o recordista nacional, João Coelho (Sporting) obteve o triunfo, com a marca de 46,42 segundos, “rebocando” os adversários: Ericsson Tavares, do Benfica, com 46,90, Omar Elkhatib, do Sporting, 46,92 e André Franco, do Benfica, com 47,69 (recorde pessoal).

Nas restantes provas, Carlos Nascimento mostrou o seu “apetite” pelos títulos, derrotando Gabriel Maia e David Landim por um de dois centésimos, respetivamente; Carlos Pitra venceu na vara com recorde pessoal igualado; e Gerson Baldé venceu o comprimento (7,77 m), numa prova em que o chinês Miktsun Zhang fez três saltos, chegando ao recorde pessoal, com 8,24 metros.

Nas provas femininas, Lorene Bazolo conquistou o seu sétimo título nos 60 metros, enquanto Carina Vanessa (Sporting) reconquistou o título nos 400 metros. Nos saltos, Natacha Candé venceu em altura (1,74) e Agate Sousa venceu o salto em comprimento, com 6,49 metros, mais dois centímetros que Evelise Veiga, numa prova em que a brasileira Leticia Oro Melo, do Sporting, saltou 6,55 m.

Fonte e fotos: FPA